
O problema, na verdade, não se restringe ao acesso do negro à universidade, mas se prende, sim, a uma questão maior, que é o próprio preconceito racial. Sim, ele existe no Brasil. Está disfarçado, sim. Mas sua existência não pode ser negada. E o pior é que, no caso do preconceito, ele não atinge só o negro, mas abrange, também, o pobre, o nordestino, os sexualmente diferentes, enfim, quem não se enquadra no padrão branco do que Henfil chamava de Sul Maravilha.
Vivendo com e sob este imenso preconceito, nada melhor do que dedicarmos um dia – pelo menos um – para abordar o assunto e declarar que queremos um país livre de preconceitos, a começar pelo racial, que é a parte mais visível deste tipo de comportamento. Hoje é um Dia de Luta contra a Discriminação Racial.
E é por causa disso que blogueiros e blogueiras do país e de fora do Brasil estão unindo seus esforços para, primeiro, mostrar que o preconceito existe e, segundo, clamar pelo seu fim. Sabemos que não existe igualdade absoluta, mas que os diferentes sejam, pelo menos, tratados como seres humanos, o que muitas vezes não são. Somente no dia em que o fosso social não mais existir é que o Brasil será, efetivamente, um país grande.
MAS O QUE É PRECONCEITO?
Segundo a Wikipedia é “uma atitude discriminatória que se baseia nos conhecimentos surgidos em determinado momento como se revelassem verdades sobre pessoas ou lugares determinados. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são o social, racial e sexual”.
Olhe ao lado e você verá que amigos próximos, inimigos distantes, gente do nosso círculo, de quem gostamos e quem detestamos têm este comportamento. E que ele, na verdade, é muito comum. E é contra ele que todos nós devemos lutar.
PONTOS NUMA ESCALA
Como o preconceito não é uma exclusividade brasileira, também lá fora ele tem sido fruto de estudos. E um dos estudiosos foi Gordon Allport, que a partir de seus estudos e na publicação de um livro, estabeleceu uma escala de classificação para os níveis de preconceito.
Se olharmos o caso basileiro na Escala de Allport vemos que estamos no terceiro nível, que é o seguinte:
Discriminação: O grupo minoritário é discriminado negando-lhe oportunidades e serviços e acrescentando preconceito à ação. Os comportamentos têm por objetivo específico prejudicar o grupo minoritário impedindo-o de atingir seus objetivos, obtendo educação ou empregos etc. O grupo majoritário está tentando ativamente prejudicar o minoritário.
O QUE QUEREMOS?
Constatado que há, no Brasil, discriminação – e uma pesquisa deste blog mostrou que os leitores têm clareza disso – o que queremos é chamar a atenção para o problema, partindo da discriminação racial, mas chegando a todo tipo de discriminação. Colocando o problema às claras, deixando de mascará-lo, podemos enfrentá-lo e fazer com que a discriminação vá diminuindo.
Mas falar não é o bastante. É preciso fazer. E o primeiro passo não depende de ninguém a não ser nós mesmos. Portanto, vamos começar por adotar uma postura de tolerância, de aceitação da diferença e deixar de ver o negro, o pobre, o diferente como sendo uma ameaça para nós.
Eles, no final, querem o mesmo que queremos: viver com dignidade.
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