Ozéia Oliveira

Ozéia Oliveira
SEJA VOCÊ!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Óculos adequados para cada tipo de rosto











Óculos adequados para cada tipo de rosto

Quem usa óculos deve levar em conta o formato da armação para valorizar seu visual e também sua expressão. E hoje você pode encontrar novos designs apresentados pelos fabricantes.

Muito mais do que corretivos de problemas visuais, os óculos são considerados acessórios básicos para compor qualquer look e ainda conferir atitude, charme e estilo para quem os usa. Mas, para que esta valorização seja possível, algumas regras devem ser seguidas na hora de escolher o modelo de óculos.




O formato oval é um dos melhores tipos que rostos, pois combina com a grande maioria das armações. Mas para evitar que o rosto fique longo demais, o melhor é optar por modelos não muito largos.
Quem tem rosto arredondado deve adotar, de preferência, as linhas retas e semi-retas, já que elas suavizam e afinam o rosto.
A pessoa de rosto quadrado, com testa e queixo largos, com maxilares salientes, deve ficar longe das armações redondas e escolher óculos que tenham aros com cantos retangulares e armações com suporte em fio de náilon, pois elas suavizam a aparência e ficam bem discretas.
Para rostos com formato triangular, com testa larga e queixo fino, as armações estreitas e arredondadas correspondem às opções mais adequadas.

domingo, 31 de outubro de 2010

O BEIJO DA CAPA...

Pelo menos 27 pessoas cancelaram suas assinaturas do Washington Post depois que o diário americano publicou, em sua primeira página, uma fotografia de dois homens de beijando. A foto foi tirada na quarta-feira da semana passada (3/3), dia em que a Suprema Corte dos EUA autorizou o distrito de Colúmbia a realizar casamentos entre pressoas do mesmo sexo, e publicada no dia seguinte.

Essa notícia me chamou muito a atenção. Em primeiro lugar, a confirmação da incômoda sensação de que a lei está muito aquém da opinião comum. A exagerada ênfase na luta pelos direitos parece criar a ilusão de que poder casar e ter leis antihomofobia garante respeito alheio. Pois bem: não garante coisa nenhuma. Tão aí os Estados Unidos, que mesmo assistindo a um avanço progressivo das leis homoafetivas, convivem com manifestações violentíssimas de homofobia. “Esse tipo de coisa faz pessoas normais quererem vomitar”, disse um dos leitores do Washington Post sobre a fotografia. Mais comedida, outra leitora reclamou: “eu preferia que as imagens de capa não fossem tão perturbadoras, já que meus filhos podem vê-las na mesa do café da manhã”.


A foto da capa, pra vocês darem aquela vomitadinha
Mas prossigamos:

Leitores descontentes sugeriram que a imagem poderia ter sido estampada na seção metropolitana, e não na primeira página; outros, mais radicais, defenderam que ela não deveria ter sido publicada de jeito nenhum. O ombdusman do jornal, Andrew Alexander, diz que é normal receber reclamações após a publicação de fotos consideradas polêmicas. Ele cita como exemplo recente as imagens de vítimas do terremoto no Haiti.

De que adianta casarmos e o raio que o parta se um beijo nosso faz as pessoas quererem vomitar? Se é tão “pesado” para a cabeça das pessoas quanto imagens de vítimas de um terremoto? Não, sério. Esse parelelo do ombudsman é tão absurdo que beira o engraçado.

É claro que os direitos são prioritários em vários aspectos, mas vejo alguns militantes tão obcecados com eles que parecem esquecer a força da mentalidade e da cultura. Para eles, repito duas palavrinhas – constantes aqui no blog: mídia e educação.
12 comentários | Jornais, Mídia | Etiquetado: casamento entre pessoas do mesmo sexo, casamento gay, distrito da columbia, Estados Unidos, Washington Post | Link Permanente
Escrito por Pedro Guimarães


--------------------------------------------------------------------------------

8 de março: um dia para pensar no sexismo
8 08UTC março 08UTC 2010

Sempre que dizem que algo é “coisa de mulher” ou “coisa de homem” fico muito incomodado. Mulher é mais cuidadosa, homem tem mais coragem, mulher é mais delicada, homem é mais bruto, mulher é mais madura, homem é mais inteligente. E segue. Ad infinitum.

Talvez isso se relacione com o fato de eu ser um homem que tem uma das atribuições mais “de mulher” de todas: a atração pelo sexo masculino. Acostumadas a supor o comportamento e as aspirações dos indivíduos com base em gênero, muitas pessoas acabam ficando confusas, não sabendo o que esperar de mim. Dentro dessa esquemática, meu maior sonho seria copiar cada trejeito da mulher, afinal, por gostar de homens, não seria concebível eu cultuar uma masculinidade minha. Esperam, por fim, uma tentativa tosca de imitação do universo feminino, que resultaria em um dos mais clássicos estereótipos: a bicha.

Mas a minha preocupação com qualquer tipo de sexismo vai além de eu, como homossexual, ficar sem lugar na hora em que os homens vão jogar futebol e as mulheres lavar a louça. Tem muito pouco a ver com sexo, na verdade: o incômodo aqui é a total rejeição à individualidade dos sujeitos. Porque não é possível que desde crianças as pessoas já tenham de gostar de determinados brinquedos, desenhos e atividades voltadas para o seu gênero, sob o risco de serem chacotados em ambiente escolar e até familiar. Que as meninas sejam educadas para agradar, limpar e manter tudo em ordem, enquanto os meninos ganham as mordomias de suas mães – dando origem a uma sociedade em que o homem estupra e a mulher tem vergonha de reivindicar prazer sexual.

Toda vez que me xingam de viado por aí – e sempre, SEMPRE são homens que o fazem – me entristeço não só por mim, mas pelas mulheres que são esmagadas pelo esquema sexista e pelos homens que dele não usufruem. Mas me entristeço, principalmente, pelos homens e mulheres que o reafirmam diariamente, tão preocupados em ser machos ou fêmeas que esquecem de ser o que são.

Feliz dia.

O segundo livro, “Porque toda Mulher Precisa de um Gay em Sua Vida”, é basicamente um ensaio sobre as amizades entre gays e mulheres. Diz que é ótimo para elas ter amigos homo porque eles são divertidos, bem informados, gostam de olhar vitrines, fofocar e dar conselhos.

Poder-se-ia direcionar a crítica a essas obras sob o aspecto da estereotipificação. Mas confesso que me vi muito mais preocupado com outro assunto que também está presente nos dois livros.

O público alvo, tanto do “Príncipe” quanto do “Amigo”, é feminino. E o tema central é a relação da mulher com o homossexual – enquanto amizade ou enquanto enganação. Os parâmetros para se chegar ao ponto principal de cada obra, além da estereotipificação do gay, são também, de modo mais sutil, a definição do que é o verdadeiro homem hetero e do que deve ser uma genuína relação heterossexual.

Estabelecem-se regras do que uma mulher realmente deve esperar de um casamento quando se diz “se seu marido é arrumado demais, ele é gay” ou “você precisa ter um amigo gay para falar sobre moda e fofoca”. É uma forma de reafirmar a construção da mulher romântica e submissa, da dona de casa que trabalha feliz e se contenta, pois afinal seu marido é, com certeza, heterossexual. Uma das questões do teste da Veja exemplifica bem essa questão, quando diz nas entrelinhas: homem que é homem não mostra afeto ou mostra pouco, e a mulher tem que se contentar com isso.

Eles contra nós contra eles

Uma coisa é fazer uso de um discurso sofista e conservador, dizendo que “não se pode ser preconceituoso com o preconceituoso”. Outra coisa é se propor um tratamento crítico das discriminações, sem categorizá-las identificando bons e maus de forma maniqueísta.

Os evangélicos, ou crentes como alguns preferem ser chamados, formam um grupo que tem sua própria vivência com a discriminação. Nossa cultura católica não gosta desses filhos rebeldes e taxa-os de fanáticos, ignorantes, etc. O “eu” brasileiro é homem, branco, católico e hetero, e pensa que qualquer sujeito que não se encaixa nesses padrões tem de estar à margem.

O que acontece é que as essas “minorias” exclusas, na busca por inclusão, não quebram o padrão masculino, branco, católico e hetero: apenas transgridem o que lhe diz respeito e continuam operando na lógica que lhes esmagou. Temos, assim, feministas brancas, católicas e hetero excluindo lésbicas; homens negros, católicos e heteros menosprezando mulheres e homossexuais; homens gays, brancos e católicos discriminando negros e mulheres e assim vai. Assim, embora partilhem da experiência de ser o “outro” social, todos esses grupos não-masculinos, não-brancos, não-católicos e/ou não-heterossexuais, dentro das infinitas combinações que podemos ter aí, brigam entre si por preciosismos e casualidades, sem a percepção de que continuam todos subjugados e diminuídos no meio em que se encontram. No caso dos gays versus evangélicos isso é muito mais acentuado; se nem movimentos sociais conseguem se conciliar, que dirá um religioso e um social?

Além disso, temos um fator importantíssimo que é o teor da doutrina evangélica. Num tempo em que o politicamente correto predomina e ser preconceituoso é feio, cafona, fora de moda, muitos neopentecostalistas têm uma postura de clara discordância em relação às práticas homossexuais. A polarização entre os dois grupos vem ficando ainda mais nítida com os debates no Congresso, especialmente em torno do PLC 122/06, que se na opinião de LGBTs é importante para criminalizar a homofobia, na opinião de muitos religiosos é absurda por vetar elementos constituintes do seu código de crenças. Essa questão separaria definitavamente os interesses de ambas as minorias e faria das lutas de ambos coisas totalmente diferenciadas, certo? Errado.

Acontece que a voz evangélica no congresso, ao tentar barrar medidas pró homossexuais, além de evitar o progresso dos direitos humanos no Brasil comete um equívoco ao fazer o interesse religioso pesar mais que o político na balança das prioridades. Quero dizer que esses evangélicos não podem esquecer que operam sob uma democracia liberal, e que lutar contra qualquer tipo de liberdade – religiosa inclusive, como buscam fazer com os cultos afrobrasileiros – significa lutar contra a própria, de certa forma.

É claro que é uma coisa muito séria dizer que os evangélicos têm de deixar a política pesar mais que a religião na balança de prioridades. Sabemos, afinal, que as religiões não funcionam dessa forma em sua episteme. Mas historicamente tem sido assim; as instituições religiosas vão cedendo às transformações sociais e suas doutrinas são reinterpretadas. Sabemos, por exemplo, que esses grupos evangélicos – e mesmo os católicos tradicionais – são essencialmente contra o divórcio, mas se dentro das igrejas pode-se falar bastante disso, fazer do casamento novamente um laço vitalício não está em questão em âmbito sociopolítico. Ninguém foi preso por discordar do divórcio, assim como ninguém seria preso por discordar da homossexualidade; as leis apenas buscam gantir que o direito de se divorciar e de ter relações homossexuais não fossem negados aos integrantes da sociedade em questão. E que, no caso dos homossexuais, não houvesse possibilidade de alguém difamá-los, tratá-los como doentes e promover um discurso odioso contra eles na esfera social.

Tomo como equívoco sobrepor interesse religioso a político porque sabemos que os evangélicos formem paradoxalmente um grupo político com interesses próprios no atual Estado brasileiro e ao mesmo tempo não formam grupo nenhum, uma vez que estão espalhados da esquerda à direita, com direito a boas doses de centro. Então ao mesmo tempo que alguns dizem que se deve reconhecer que faz parte do processo democrático se formar uma junta evangélica que queira lutar por seus interesses, o argumento é falho porque esses senhores reconhecem a laicidade de seu ofício e se sujeitam a jogos partidaristas que no fim das contas pouco dizem respeito a princípios bíblicos.

Fui longe, dei um nó e agora volto pra enfim ir direto ao ponto: os interesses dos homossexuais e dos evangélicos são os mesmos; a garantia do reconhecimento de sua igualdade e da manutenção de suas liberdades dentro do nosso esquema civilizacional que é a democracia liberal. O que acontece é que determinada parcela do grupo evangélico não pensa dessa maneira, querendo garantir sua primazia de seu recém conquistado lugar enquanto homens, evangélicos, brancos e heterossexuais, lutando contra os direitos de mulheres, não-evangélicos, não-brancos e não-heterossexuais. Uma prática realmente nada nobre, mas que não determina que os crentes sejam cruéis, preconceituosos ou maus.

O que luto contra é uma perspectiva dualista, de que os evangélicos são os piores inimigos dos gays. Não o são, e pensar assim é uma coisa muito séria, muito feia. Evangélicos não são animais estúpidos e fanáticos. Talvez alguns sejam, mas alguns LGBTs também o são. Em verdade, é bem mais possível que um evangélico trate bem a uma lésbica do que uma pessoa que declaradamente “adora gays”, porque não só esse discurso de “adorar gays” é totalmente homofóbico como os mesmos evangélicos que pregam a homossexualidade como antinatural também pregam a solidariedade e o amor. Deve se considerar ainda que muitos desses crentes, por mais que na igreja sejam coniventes com certos tipos de discurso, não necessariamente compactuam com eles na prática e nem mesmo percebem isso. Não há que se rotular todas essas pessoas e presumir que elas pensam e vivem a religiosidade da mesma maneira.

Sou contra o preconceito contra evangélicos porque sou contra qualquer tipo de preconceito. É problemático assumir uma premissa como “aquilo no que eles acreditam é errado” porque é circular. Enquanto um diz que é errado ser algo, outro responde que é errado acreditar em algo. Cada surdo gritando sua verdade para fazer-se ouvir mais alto. Lutar pela garantia dos direitos humanos é lutar pela liberdade de opinião, e como venho enfaticamente falando desde o início do texto, isso é algo prezado por ambos os grupos. É claro que a linha entre a opinião e a difamação é tênue, coisa que todo esse debate em torno da lei da homofobia deixou bastante claro, mas antagonizar não é solução.

Atribuir a evangélicos o papel de nossos maiores inimigos é análogo a tapar o sol com a peneira. É mais confortável e mais fácil, afinal, apontar como opositor um pequeno grupo que declaradamente não gosta de homossexuais do que a grande maioria (inclusive a própria “comunidade gay”), cujo preconceito ganhou tanta malandragem que sabe até mesmo se disfarçar de progressista e pró direitos humanos. Não digo que não se deva brigar com a empreitada esquizofrênica dessa bancada no congresso e nem que não seja nítido o quanto pastores como Silas Malafaya promovem o preconceito. Apenas que não está nessas atitudes a origem da repressão a LGBTs, e que lutar SÓ contra elas, ver nelas o grande X da questão, é ilusório. E é, além de tudo isso, reafirmar um preconceito de origem católica. E entrar de vez na corrida maluca em que as minorias, preocupadas demais com a sua fatia do bolo, não se importam com todas as outras que também querem comer.