Ozéia Oliveira

Ozéia Oliveira
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segunda-feira, 17 de maio de 2010


Entenda como funciona a paixão
Saiba os efeitos que apaixonar-se por alguém provocam em seu corpo
Alguns sintomas parecem de doença:

batimentos cardíacos acelerados, tremor nas mãos, rubor na face, euforia desenfreada... Para entender o que acontece no organismo dos obcecados de amor, a antropóloga americana Helen Fisher gastou dez anos pesquisando gente nesse estado.

Por meio de exames de ressonância magnética, ela constatou que os neurotransmissores dopamina e norepinefrina aparecem em maiores concentrações no cérebro dos apaixonados. Basta a pessoa cair de amores para os níveis dessas substâncias subirem. A dopamina determina a forte motivação, a sensação de êxtase e os comportamentos focados em um objetivo. Ou seja, é por causa dela que pensamos obsessivamente no objeto da nossa afeição (a ponto de não conseguirmos enxergar as características negativas dele!). Dopaminados ainda perdem a noção de perigo (transam sem camisinha na boa, por exemplo) e podem demonstrar comportamentos fora do normal. A norepinefrina, por sua vez, deriva da dopamina e por isso produz sintomas semelhantes aos dela, como energia excessiva e, conseqüentemente, insônia e perda de apetite.

Por que nos apaixonamos?

Do ponto de vista biológico, a paixão existe para garantir a procriação. Apaixonada, a mulher seria fiel ao homem (e isso garantiria a ele a certeza da paternidade). Apaixonado, o homem seria fiel à mulher (e isso garantiria a ela ajuda para cuidar do bebê, pelo menos até que ele se tornasse um pouco menos dependente). O psiquiatra americano James Leckman, um dos principais estudiosos do assunto, defende que a duração média desse estado amoroso corresponde ao tempo necessário para a concepção, gestação e nascimento de uma criança. Mais precisa, Helen Fisher acredita que, por ter origem química, a paixão tem vida variável entre 6 e 18 meses. Segundo a antropóloga, com o tempo, as substâncias responsáveis por ela passariam a circular em menores quantidades no cérebro. Outra hipótese é a de que os receptores dessas substâncias começariam a se acostumar com o seu fluxo (a conseqüência seria a diminuição de seu efeito). Há ainda a possibilidade de que outras substâncias do cérebro inibam a ação dos neurotransmissores da paixão. Independentemente da razão, o resultado é a perda de todo aquele ardor. É o fim? “Quando os meses se tornam anos, o contentamento romântico tende a amadurecer e virar uma união profunda”, diz Helen Fisher, aliviando a barra. “O êxtase, a energia e o pensamento obsessivo dão lugar a sentimentos de segurança e contentamento.” Ou não. Há sempre o risco, claro, de depois da paixão, em vez de amor, surgir o... nada.

Ginecologistas afirmam que na adolescência a tendência a se apaixonar é maior porque nessa fase os hormônios sexuais (os femininos estrógeno e progesterona e o masculino testosterona) começam a ser produzidos, provocando um choque no organismo desabituado a eles. “Mulheres, principalmente, são mais sujeitas à ação dos hormônios por causa das variações do ciclo menstrual”, diz Carolina Carvalho, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mulheres ficam mais propícias a apaixonar-se na metade do ciclo, na fase da ovulação (a libido aumenta nesse período porque o corpo se empenha em cumprir a função reprodutora para a qual foi projetado). Já a fase da pré-menstruação é a pior em termos de capacidade de paixão. A maturidade emocional que nasce do acúmulo de experiências também explica por que nos apaixonamos menos com o passar do tempo. O lado racional passa a pesar mais. “As pessoas começam a analisar cada situação no contexto da vida e a se perguntar se vale a pena ou não arriscar-se em nome de uma paixão”, diz o neurocientista Edson Amaro, professor do Departamento de Radiologia da Universidade de São Paulo (USP).

Será que vale a pena ser tão racional?

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